ATA DA QUADRAGÉSIMA QUARTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 21-11-2003.

 


Aos vinte e um dias do mês de novembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Cláudio José Silveira Brito, nos termos do Projeto de Resolução nº 066/03 (Processo nº 3693/03), de autoria do Vereador Wilton Araújo. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Antônio Carlos de Avelar Bastos, Subprocurador-Geral de Justiça; o Deputado Federal Alceu Collares; o Senhor Ivori Coelho Neto, representante da Associação do Ministério Público; o jornalista Erci Torma, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa – ARI; o Senhor Ari dos Santos, Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Afonso Antunes da Motta, Presidente da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão – AGERT; o Senhor Armindo Antônio Ranzolin, Diretor da Rádio Gaúcha; o Senhor Victor Luiz Barcellos Lima, representante da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul – AJURIS; o Senhor Eduardo Viana Pinto, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Senhor Cláudio José Silveira Brito, Homenageado; o Vereador Wilton Araújo, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Wilton Araújo, em nome das Bancadas do PPS, PP, PSDB, PCdoB e PSB, teceu considerações sobre a vida pessoal e profissional do Senhor Cláudio José Silveira Brito, mencionando a qualidade presente nos trabalhos desenvolvidos pelo Homenageado na área da comunicação social, especialmente como comentarista de assuntos relacionados ao Direito, e na divulgação do Carnaval porto-alegrense. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, exaltou aspectos alusivos à atuação do Senhor Cláudio José Silveira Brito como Promotor de Justiça e comunicador, salientando a justeza do Título hoje entregue a Sua Senhoria e afirmando que essa honraria significa o reconhecimento da comunidade porto-alegrense ao trabalho por ele realizado em prol da Cidade. A Vereadora Margarete Moraes, em nome da Bancada do PT, cumprimentou o Senhor Cláudio José Silveira Brito pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão Emérito, relatando episódios da vida do Homenageado que demonstram sua confiança no futuro e sua dedicação permanente às carreiras de jurista e de comunicador. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, prestou sua homenagem ao Senhor Cláudio José Silveira Brito, em razão do recebimento, no dia de hoje, do Título Honorífico de Cidadão Emérito, afirmando que o Homenageado é justo credor da honraria hoje concedida pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Deputado Federal Alceu Collares, que saudou o Senhor Cláudio José Silveira Brito. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Wilton Araújo, a Senhora Clara, mãe do Homenageado, e o Senhor Mathias Flach a procederem à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Cláudio José Silveira Brito, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu o Título recebido. Na oportunidade, foi realizada apresentação artística pelos Senhores Eduardo Fernandes da Silva, Charlene de Azevedo e Paula Verônica Zylbersztejn, respectivamente Mestre-Sala, Porta-Estandarte e Porta-Bandeira da União de Destaques do Carnaval de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às doze horas e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Wilton Araújo, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear essa figura humana simples, mas que tem uma preocupação com a coletividade sempre, que é o nosso Cláudio José Silveira Brito.

Compõem a Mesa: o ilustre homenageado; o Dr. Antônio Carlos de Avelar Bastos, Subprocurador-Geral de Justiça; o nosso Deputado Federal Dr. Alceu de Deus Collares, que já foi Vereador nesta Casa, Prefeito desta Cidade, Governador do Estado, e nos honra com sua presença; o Exmo. Dr. Ivori Coelho Neto, representante da Associação do Ministério Público; o Ilmo. Sr. Jornalista Erci Torma, Presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa; o Ilmo. Dr. Jornalista Ari dos Santos, Presidente do Sindicato da Empresas de Rádio e TV do Rio Grande do Sul; o Ilmo. Sr. Jornalista Afonso Antunes da Motta, Presidente da AGERT; o Ilmo. Sr. Armindo Antônio Ranzolin, Diretor da Rádio Gaúcha/RBS; o Ilmo. Sr. Victor Luiz Barcellos Lima, representante da AJURIS, e o Ilmo. Sr. Eduardo Viana Pinto, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Meus senhores, minhas senhoras, demais autoridades presentes, todos amigos do nosso querido homenageado, Srs. Vereadores, dando início a esta Sessão Solene convido a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Neste momento, os oradores começam a fazer a homenagem, em nome da Casa e do povo de Porto Alegre, ao nosso homenageado.

O Ver. Wilton Araújo está com a palavra. Fala como proponente, pela sua Bancada - a do PPS -, e ainda pelas Bancadas do PP, do PSDB, do PCdoB e do PSB.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. João Antonio Dib, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo a todos que hoje vêm abrilhantar esta manhã amena, de temperatura agradável, de sol na nossa Cidade, sol esse que vem, com certeza, para homenagear também o nosso Cláudio Brito.

O proponente tem a tarefa de discorrer sobre a carreira e a vida do homenageado, e assim o faço.

Começou em 1965 a sua carreira como jornalista na Rádio Gaúcha, como radioescuta do Departamento de Esportes. Trabalhou em São Paulo entre 1967 e 1970 nos jornais de notícias populares, na Rede Globo, onde integrou a equipe de produção de Abelardo Barbosa, o Chacrinha.

De volta a Porto Alegre, atuou na RBS em rádio, jornal e TV, com uma passagem pela TV Difusora, hoje Bandeirantes. Integrou a primeira equipe do Jornal do Almoço da TV Gaúcha e a equipe do Porto Visão, da TV Difusora, programas de grande audiência local.

Em Zero Hora e no jornal Hoje, atuou como repórter esportivo e foi editor das coberturas de carnaval. Na Rádio Gaúcha, em 1972, criou e lançou o programa Gaúcha Dá Samba, voltado às coisas da cultura popular.

Esteve na Rádio Princesa por alguns anos, participando da programação carnavalesca. Foi com a Rádio Princesa que iniciou as coberturas nacionais do carnaval, transmitindo os desfiles do Rio de Janeiro.

Em 1992, está de volta à Gaúcha, em que participa de programas interativos, especialmente durante a madrugada. É comentarista de assuntos de Direito e da Justiça na Rádio e na TVCom e comanda a equipe que faz hoje a cobertura radiofônica mais importante do carnaval brasileiro, sendo a única a cobrir os desfiles do Rio, São Paulo, Florianópolis, Pelotas, Porto Alegre e Grande Porto Alegre, com narradores, repórteres e comentaristas.

Na TVCom, criou o programa Personagens da Folia, no qual há dois anos vem apresentando perfis e biografias de figuras destacadas do carnaval e da música popular do Rio Grande do Sul. Na TVCom, tem atuado como apresentador oficial do concurso Miss Rio Grande do Sul, além das atividades normais como apresentador e comentarista.

Desde a sua infância, Cláudio Brito, que nasceu onde o carnaval nasceu e se desenvolveu na Cidade; Cláudio Brito viveu a sua infância no Areal da Baronesa, que todos sabemos, foi o reduto do início do nosso carnaval da Cidade. O seu pai era um grande folião e participou de muitas entidades, como Céu Azul, Aratimbó e Ideal, cordões carnavalescos das primeiras décadas do século passado.

Cláudio Brito atuou como diretor de carnaval do cordão Pra Que Tristezas, da Sociedade Gondoleiros, e também da sua escola de coração, os Imperadores do Samba, à qual está vinculado desde os anos 70, quando ainda os Imperadores ensaiavam no campo de futebol do Israelita, ali nas proximidades da Ilhota. Também participou dos Batutas da Orgia, da cidade de Taquari e de Os Cobras, de São Leopoldo.

Cláudio Brito foi coordenador de desfiles pela EPATUR e pela Associação das Entidades Carnavalescas, dirigindo os desfiles em Porto Alegre entre os anos de 1983 e 1987.

Cláudio Brito foi responsável por boa parte da regulamentação do nosso carnaval, quando, entre outras inovações, implantou o rigorismo das punições aos que atrasavam os desfiles e a divulgação imediata das ocorrências da avenida com suas conseqüências, sendo logo informadas ao público e aos competidores, afastando com isso debates vazios que prejudicavam mais tarde a divulgação de resultados.

Quem não lembra desse período em que foi Coordenador do carnaval de Porto Alegre?

E eu, depois da tarefa cumprida, de passar a vida que por muitos de nós foi acompanhada e vivida no seu cotidiano, no seu dia-a-dia, compartilhada e incentivada, e diariamente homenageada por sua família, que está aqui hoje presente, tenho certeza de que ela é um dos pilares para que Cláudio Brito tenha sido e esteja sendo ainda essa personagem que Porto Alegre, o Rio Grande do Sul e o carnaval do Brasil reconhece.

Num outro dia nós tivemos a oportunidade de dividir, por alguns minutos, alguns instantes, no programa, quando levei o convite ao homenageado, na madrugada, e recebemos inúmeras ligações do País inteiro, que, ouvindo, diziam da excelência da decisão desta Casa, porque o homenageado, nacional e internacionalmente, é reconhecido por suas posições firmes, corretas, eticamente perfeitas e muito competentes, e me surpreendi com a quantidade de telefonemas dos mais diversos Estados - Rio, São Paulo, enfim -, “choviam telefonemas”. A Casa do Povo de Porto Alegre teve, por unanimidade, essa deferência, e, com certeza, acertou em cheio, fez com que a cidade de Porto Alegre reconhecesse esse grande cidadão que por seu exemplo deixado todos os dias nos microfones, e por suas posições jurídicas, pelos seus comentários, enfim. Então, certamente a Cidade deve agradecer pelo exemplo.

E tenha a certeza, Cláudio Brito, que Porto Alegre, por intermédio dos seus Vereadores, não faz uma simples homenagem; esta homenagem sai do fundo do coração de muitos dos que aqui estão, pela convivência que têm contigo, não é só pela tua carreira brilhante, mas é porque o nosso coração, o coração da cidade de Porto Alegre pulsa junto com o teu e sabe reconhecer os bons cidadãos. Tu és um grande cidadão desta Cidade, e adquire agora uma importância e uma responsabilidade maiores ainda com este Título. Nós queremos que estejas mais perto de nós! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o Partido Trabalhista Brasileiro.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Senhoras e senhores, quero mencionar aqui o nome da Deise, mencionando o seu nome quero trazer o Carlos Alberto Roxo para que se sente espiritualmente junto conosco nesta homenagem; quero lembrar o nome da Dona Maria Bravo, carnaval da Santana; aqui o Mathias Flach; o ex-Vereador Cleom Guatimozim; lá, na galeria, o Guedes, da Vila do IAPI, escola que tive a honra de presidir na fundação e de elaborar os seus estatutos; enfim, o Dr. Krieger e tantos amigos, pessoas aqui, os Srs. Vereadores.

Devo dizer, Cláudio Brito, que todos da Bancada queríamos falar, mas venceu a antigüidade. O Ver. Cassiá Carpes queria falar, queria falar o Ver. Elias Vidal, mas invoquei o princípio da antigüidade.

Então, hoje, estamos aqui numa solenidade extremamente importante, na medida em que estamos, todos, paraninfando este momento em que a Cidade, o seu povo, representado pelos seus Vereadores, entrega o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre ao homem talentoso, ao homem que tem virtudes, predicamentos. É muito fácil homenagear e falar a respeito do Cláudio Brito, porque ele tem uma trajetória na comunicação social, assinalada e marcada pelo seu talento, pela sua virtude, um homem de fala fácil, de boa comunicação, bom orador, maneja muito bem, com grande facilidade, o verbo, tem uma excelente musculatura intelectual. Promotor de Justiça brilhante, de atuação marcada pelos pretórios judiciais em que atuou, onde deixou marcas indeléveis. E é alguém que poderíamos dizer o maior expert em carnaval, no Rio Grande do Sul, Dr. Collares, senão no Brasil. É um dos homens que mais conhece e mais sabe, mais entende de carnaval; é um intelectual do carnaval, mas também, foi alguém que participou do carnaval como ator, atuante, em escolas de samba, em grupos carnavalescos - e lembro do Gondoleiros.

Então, é um momento extremamente importante para Casa, quando tem a oportunidade de trazer ao seu Plenário, em solenidade, e conceder o Título de Cidadania, de Cidadão, porque, aqui, nós temos, Vereadores, uma função de meio, de instrumento da vontade popular. Por mais que tenhamos importância na indicação do Título, Ver. Wilton Araújo, é a vontade popular que nos acossa, é a vontade popular, é a manifestação do povo que nos faz instrumento de agradecimento àqueles que constroem essa realidade que é a nossa Cidade.

Eu tenho dito nesta tribuna que muitas vezes invocamos a cidade de Porto Alegre como a cidade de melhor qualidade de vida, com todo um conjunto de virtudes, mas ela assim o é, por homens como tu, Brito, e tantos outros que fazem a grandiosidade da Cidade. A Cidade não teria a sua alegria, a sua simpatia se não fosse o seu povo, as suas lideranças, e, portanto, Brito, tu és um ator na construção desta Cidade que todos amamos; Porto Alegre é a melhor cidade do mundo para nós, porque aqui é onde, em todos os seus desdobramentos, existe a solidariedade, a alegria. E quando se fala em alegria, o Brito é um homem alegre. E essa sua vocação, essa sua inspiração pelo carnaval, a maior festa do mundo, não tenho dúvidas, irriga a alma do Brito e o faz um homem cordial, fraterno, solidário e comunicativo. Uma das grandes figuras que nós temos na cidade de Porto Alegre, e quando se fala com alguém e menciona-se o nome de Cláudio Brito, a resposta é: "Ah! uma grande figura!"; seja no carnaval, seja na área do Ministério Público, da Promotoria, seja como homem de comunicação. Homem preparado, culto, interlocutor, homem que faz a interlocução sem ser intransigente, homem que estabelece o diálogo nos debates, dando a sua opinião, mas sem ser intransigente - uma grande figura.

Porto Alegre, hoje, resgata uma dívida contigo, Brito, pela tua garra, pela tua luta, pela tua simpatia, por tudo que tu representas. Porto Alegre está, por assim dizer, não diria pagando pelo que tu fizestes, mas está conhecendo e pede à Câmara, pediu ao Ver. Wilton Araújo que manifestasse esse agradecimento, e quando o Vereador fala, temos dito, é a Cidade que está falando. Quando o Vereador agradece, é o seu povo quem está agradecendo.

Então, Brito, continua - és um jovem, - tens muito a dar, tens força, tens garra, tens simpatia. Continua nessa tua caminhada para o engrandecimento da nossa gente, para o engrandecimento das letras jurídicas. És um jurista, és um Promotor de Justiça deste grande Ministério Público do Rio Grande do Sul. És um grande comunicador, onde atuas, te sais bem, fazendo coberturas dessa ou daquela natureza com o teu talento. És um homem visceralmente talentoso.

E, quanto ao carnaval, aqui, muitos integrantes de escolas de samba, familiares, enfim, todos conhecem a tua pós-graduação em matéria de carnaval.

O tempo se esgota, então, quero, mais uma vez, desejar-te muitas felicidades, e que Deus te proteja nessa tua brilhante e magnífica caminhada. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra, e fala em nome da Bancada do PT.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O meu depoimento será absolutamente restrito, neste momento, porque diante das múltiplas personalidades, das múltiplas faces de atuação do Jornalista Cláudio Brito, sendo que todas ele exerce, como muito bem frisou o Ver. Elói Guimarães, com grande talento e com grande comprometimento.

Eu quero-me referir apenas a dois aspectos que eu creio que dizem um pouco de sua densa personalidade. Em primeiro lugar, eu gostaria de me referir a sua militância na função do Direito, da Justiça, das Leis na sua condição de Promotor, de Professor, de grande intelectual que sempre atua com opinião, com uma interpretação muito forte, no caso das leis e da Justiça.

E queria fazer uma referência, contar uma história de quando eu assisti a um discurso do Cláudio Brito, em São Leopoldo, por ocasião da formatura de um grupo de formandos em Direito, quando ele era paraninfo. E eu creio que isso traduz, também, a sua concepção, uma postura frente à vida, frente ao mundo, pois neste momento, enquanto ele fazia uma análise emocionada e densa acerca das agruras do Direito e da Justiça e do distanciamento que às vezes tem em relação aos problemas cotidianos da vida, sempre com uma crítica muito severa, mas sempre com denso conteúdo e racionalidade. O Cláudio Brito nunca é céptico, ele nunca se entrega, e ele dava, acima de tudo, àqueles jovens formandos e formandas uma lição; uma lição de esperança, uma lição de superação dos conflitos, principalmente ele dizia àqueles jovens que cada um deveria ir atrás do seu sonho, da sua utopia, que cada um deveria ser protagonista da própria vida, da própria história sem jamais esmorecer. Portanto, sem nenhuma dúvida, o Cláudio Brito honra a Promotoria do Rio Grande do Sul, a Promotoria do Brasil e isso pode ser medido pela presença das autoridades aqui e dos seus colegas de profissão.

E o segundo aspecto da sua personalidade, que eu creio que vai muito além disso, é sua militância como jornalista, sempre atento, sempre curioso, sensível a todos os problemas, a todas as polêmicas que acontecem na vida cotidiana e sempre com muita coragem coloca a sua opinião. Portanto, trata-se de um jornalista que interpreta, que é engajado, que tem opinião, mas que, independente das questões ideológicas, ouve os outros, sempre está aberto ao diálogo; muda de opinião se for o caso e não muda se ele acredita não ser o caso. Eu penso que isso é muito importante.

Eu tive a oportunidade de conviver com o jornalista Cláudio Brito na questão do carnaval, concordando, discordando, mas sempre com muito respeito pelas posições do outro.

Cláudio Brito, como também já foi dito pelo Ver. Wilton Araújo, é uma personalidade absolutamente entranhada na cultura popular, nessa magnífica expressão da nossa brasilidade que acontece por meio das mais diversas formas no Brasil, mas que diferencia o Brasil em relação à cultura dos outros povos, àquilo que nos faz singular, diferente, àquilo que simboliza a miscigenação entre os povos, e é exatamente por isso que o Ver. Wilton Araújo coloca nessa data, na Semana da Consciência Negra, esta homenagem.

Eu creio que ele pode ser comparado ao Antônio Augusto Fagundes em relação ao tradicionalismo.

Jornalista, um grande conhecedor, o nosso homenageado Cláudio Brito, é uma fonte bibliográfica viva, inesgotável que, obrigatoriamente, Ver. Reginaldo Pujol, deve ser ouvido em qualquer pesquisa sobre o carnaval, porque tem também uma memória invejável - ele sabe datas, eventos, acontecimentos de cor. Mas o que mais me toca, pessoalmente, é que uma personalidade com grande capacidade teórica, que faz as mais sofisticadas elaborações - mas eu acredito que por isso mesmo ele reconhece, orgulha-se, emociona-se com as suas origens, com as suas raízes, porque ele sabe mais do que ninguém que as pessoas não prescindem de um chão histórico da nossa identidade, de uma identidade específica, que porventura possa ser elaborada em alguma expressão, em alguma criação artística ou cultural. E esse padrão que, merecidamente, alcançou na sua vida, ele usa no reconhecimento, na valorização do carnaval de Porto Alegre, que é feito pelos pobres e pelos negros na nossa Cidade. Cláudio Brito é um defensor do carnaval e, como já disse antes, da miscigenação entre os povos.

Também queria lembrar algo que muito me tocou, que diz respeito ao seu filho. Perguntado pela professora, na escola, qual personalidade conhecia do mundo artístico ou científico, ele não hesitou e respondeu de cara: “Jamelão”. Era uma novidade para aquela turma de alunos, porque ele tinha uma vivência cotidiana na valorização das maiores personalidades da cultura brasileira.

Por essas razões, e por tantas outras já expostas pelos meus colegas Vereadores e que ainda serão colocadas por outros, quero dizer que tenho muito orgulho de vir a esta tribuna, neste momento, em nome da Bancada do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, e cumprimentar, em primeiro lugar, o Ver. Wilton Araújo, pela beleza e pela justiça da sua proposição.

Cláudio Brito, Cidadão Emérito, apenas um reconhecimento formal desta Casa, porque tu já detinhas este título na vida. Tu sabes disto! Por tudo o que foste, por tudo o que realizaste na nossa Cidade, mas mais ainda, por aquilo que farás, por aquilo que serás, a nossa Cidade te agradece. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registramos a presença dos Vereadores Elias Vidal, Cassiá Carpes, Dr. Goulart e Valdir Caetano.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome do PFL, da Sociedade Gondoleiros e da Escola de Samba Império da Zona Norte.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Assumo esta tribuna vivenciando uma situação muito especial. Nem quero, Verª Margarete Moraes, repetir que Ortega y Gasset dizia que somos nós e as nossas circunstâncias. Esta minha circunstância é especialíssima, e se ela já era especial, Dr. Alceu Collares, ela ficou maior ainda com a delegação que recebi do meu ex-colega Jacão, de falar desta tribuna também em nome da Escola de Samba Império da Zona Norte e da Sociedade Gondoleiros.

Na verdade, Brito, depois de ter ouvido o Ver. Wilton, didaticamente, fazer a justificativa daquilo que não precisava ser justificado, isto é, das razões pelas quais a unanimidade da Casa entendeu de te outorgar a condição de Emérito Cidadão de Porto Alegre, depois de ter visto e ouvido, Krieger, o nosso querido Elói Guimarães acentuar a qualificação da tua atuação, especialmente no Ministério Público e na advocacia, e agora por derradeiro, ouvindo a culta Ver.ª Margarete Morais acentuar alguns aspectos que a sua sensibilidade de lidadora das coisas da cultura do Rio Grande percebeu na tua personalidade, a minha circunstância fica muito reduzida, e aí, Dr. Collares, começam as dificuldades. Eu ouvi de alguém, e o Cleom Guatimozim sabe bem, quem me disse uma vez, há alguns anos atrás, referindo-se a um grande político brasileiro e gaúcho, que essa pessoa havia-se transformado num vovô contador de histórias.

Hoje, eu fico quase que a viver essa circunstância, caro Goulart, na medida em que me vem à mente reminiscências de um tempo muito bom, de um tempo um tanto quanto distante, mas de um tempo que me traz muitas saudades. Eu imagino que o Zé Cantor, se estivesse aqui, no dia de hoje, teria passado a noite inteira de bar em bar, festejando, por antecipação, a consagração de seu amigo. Eu me lembro, acredito que foi em 1970, Brito, se não me engano tu eras ainda do Colégio Rui Barbosa, aquele carnaval em que o Zé Cantor era o diretor social da nossa Sociedade Gondoleiros, e que nós, ainda, recém-formados, eu e ele na Faculdade de Direito, vivenciávamos a primeira oportunidade em que éramos advogados constituídos e carnavalescos militantes. Eu me lembro de tantas outras coisas, Brito, do Velho Mateus, da nossa banca de revistas, dos papos que se alongavam pela madrugada, e acabo pegando a linha de um raciocínio para pronunciar esse discurso, um discurso que foge a qualquer regra do protocolo, que não segue nenhuma regra de racionalidade, que se deixa submeter à emocionalidade por inteiro.

Eu vejo, ali, a Dona Maria Bravo, eu lembro do carnaval da Santana, mas não me sai da idéia o carnaval da Avenida Eduardo, aquele carnaval em que a gente participava junto. Um verdadeiro carnaval de participação, espontaneamente montado na frente da Sociedade Gondoleiros, então estabelecido ali na Eduardo esquina Moura Azevedo, e que na terça-feira, no grande baile da terça-feira, propositadamente atrasado no seu início pelo Ver. José Aloísio Filho, seu eterno Presidente, acabava por promover um arrastão que se estendia até a Av. Farrapos, envolvendo todo o velho bairro Cidade naquela comemoração.

Então, eu que hoje praticamente me inscrevo na universidade dos vovôs contadores de histórias, quero te dizer, Brito, com toda certeza, o Porongo, o Milton, aqueles companheiros de noite toda estão felizes no dia de hoje. A única coisa que está errado é o horário em que se realiza esta festividade. A nossa turma vai chegar atrasada, com toda certeza, esse horário teria de ser atrasado, no mínimo, doze horas, quando começávamos a despertar para as nossas grandes noitadas e, sobretudo, pelas nossas grandes caminhadas.

Mas, como tudo não é só recordação, Ver. Margarete, V. Exa. tem razão em muitas das coisas que disse, senão em todas, mas uma especialmente a sua razão é absoluta, quando V. Exa. estabelece uma demarcação entre o Antônio Augusto Fagundes, na sua luta pelo tradicionalismo, na sua tarefa de transformar o tradicionalismo em algo efetivamente para a cultura popular do Rio Grande e não no da cultura da grossura, com o nosso querido Cláudio Brito, na sua tarefa de transformar o carnaval de Porto Alegre, o carnaval do Rio Grande do Sul não numa manifestação descontrolada de pessoas que, muitas vezes, até eram ironizados quando, pejorativamente, diziam: "Tem a festa da sociedade, que se realiza no Gondoleiros, no Petrópolis e a festa da gentalha que atravessa o meio da rua numa festa desorganizada."

Nós, e o Dr. Dib também contribuiu para isso, trabalhamos nesse sentido de mudar esse conceito. E o carnaval de Porto Alegre, que hoje apresenta uma grande organização, Jorge, que sucedesses o Mutti na Associação das Entidades Carnavalescas, esse carnaval que apresenta essa notável organização, com escolas de samba se afirmando a todo ano, enfrentando e superando dificuldades, como faz os Bambas da Orgia que, inclusive, precisou dar a volta por cima para manter a sua tradição de grande escola do carnaval da nossa Cidade; esse carnaval viveu momentos difíceis. Lembramos bem aquelas lutas, a gente tem alguma vontade de ser mais velho: a briga do Loureiro da Silva com a Pepsi-Cola, aquela desintegração toda se superou num trabalho sério e, nesse trabalho sério, a tua contribuição.

Porto Alegre te reconhece como um notável integrante do Ministério Público. Porto Alegre te reconhece como um notável jornalista, mas Porto Alegre te proclama como o disciplinador do carnaval de Porto Alegre, o regulador do carnaval de Porto Alegre, aquele que deu forma, consistência, estatuto, ordenamento jurídico para que as coisas começassem a acontecer, não só transparentemente, não só alegremente, como tem de ser uma festa popular, mas, sobretudo, organizadamente.

E tudo o que hoje nós verificamos, e eu sou daqueles que não uso do meu mandato para apresentar oportunidades e glórias apenas para os meus amigos, eu, que reconheço no Evaristo Mutti um notável organizador do carnaval da nossa Cidade, também reconheço nos companheiros que hoje detêm o Poder nesta Cidade, Governador Collares, há 14 anos, como contribuintes, também, essa progressiva melhoria do nosso espetáculo maior da cultura popular neste País, aqui em nossa Cidade.

Com esse reconhecimento, Brito, eu quero te dizer, de coração - e aí, pode ser que se traia o amigo, Jacão, pode ser, Cleom, que se traia o companheiro de várias jornadas -, a tua participação foi muito forte! Até posso dizer que a tua participação foi decisiva, porque tu tens a capacidade de ser crítico, quando tem de ser; solidário, quando precisa assim proceder e, sobretudo, sensível às coisas que dizem respeito ao nosso povo.

Eu me sinto orgulhoso de ser teu amigo! Eu me sinto orgulhoso de ter participado desse processo deflagrado pelo Ver. Wilton Araújo, de o ter transformado Cidadão Emérito de Porto Alegre! Quando isso se estabelece, a gente diz: a sociedade porto-alegrense está madura, ela já sabe escolher os exemplos que têm de colocar para serem referenciados para o eterno todo.

E, agora, Eduardo, que o Brito começa a integrar a nossa galeria de cidadãos eméritos da Cidade, o desfile começa a se organizar. Está passando a comissão de frente, atrás, virá a bateria e, junto de todos nós, essa emocionalidade que a gente conseguiu, ali, pela Av. Eduardo, ali na Sociedade Gondoleiros, mas, sobretudo, nas noites que discutimos amplamente as coisas mais diversas desta Cidade! Mas sempre dizendo: nós amamos Porto Alegre! E Porto Alegre, por ser amada por nós, merece ter o melhor que podemos oferecer, mas, sobretudo, merece ter uma galeria de cidadãos eméritos onde despontem homens da qualidade de Cláudio Brito! Meus parabéns, Brito! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro as presenças dos Vereadores Ervino Besson e João Carlos Nedel.

Não estava no protocolo, mas há alguém à Mesa que foi Vereador antes do que eu. Depois ele caminhou bastante, e onde ele passou brilhou, e hoje vai ocupar a tribuna, que ele já ocupou quando Vereador, para saudar o seu amigo Cláudio Britto. Com a palavra, o Deputado Alceu de Deus Collares. (Palmas.)

 

O SR. ALCEU DE DEUS COLLARES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu fiz questão de estar presente, porque eu tenho raízes muito profundas – até pela cor, que vocês estão enxergando – com o carnaval, a festa mais extraordinária que há, provavelmente, no mundo. Organizar uma escola de samba, para quem nunca esteve lá, não sabe o trabalho que dá - desde as costureiras. Agora, o mais difícil de tudo, Jacão, é o dinheiro. Esse parece sempre minguado. E os organizadores do carnaval no Brasil são, sem dúvida alguma, grandes economistas, porque chega no dia, na hora, sai a escola de samba; às vezes, não como foi planejado, mas esse é um dos fatores extraordinários, como o qual coincide, hoje, a entrega desse Título, tão bem colocado pelo Ver. Wilton Araújo. Eu devo fazer aqui uma declaração: O Ver. Wilton tem essa tendência de conviver com o negro, porque eu vivi com o pai dele, no meio da negrada. Quando eu cheguei em Porto Alegre, sabe quem foi um dos primeiros que me atendeu? O Leleco. Levanta, Leleco, para eles te verem de pé. Levanta. (Palmas.) O Leleco Afonso. O Leleco cantando a música Palhaço, de Lupicínio Rodrigues.

Depois, eu tive o prazer de conhecer o Nilo, um dos maiores compositores de carnaval. O Nilo deixou marcas profundas no carnaval de Porto Alegre. Com relação ao Madruga – levanta, Madruga, para a gente ver que tu já estás sem perna, mas continua sempre com muita fé. Está lá o Madruga! (Palmas.) E a homenagem a uma mulata bonita, que tirou o primeiro lugar num daqueles concursos que fazíamos, que é a Onira Pereira Santos. Olha lá! (Palmas.)

Então, mencionando esses nomes, quero prestar uma homenagem aos nossos irmãos exatamente num momento em que eu aproveito para tentarmos aprofundar um pouco a consciência da negritude. Por que consciência da negritude? Porque nem todos os negros têm consciência. As condições, as conjunturas, as circunstâncias em que nós nos criamos muitas vezes nos colocam na vida como caminhantes alienados. Como caminhantes alienados, sem saber o que fizeram conosco e sem saber o que nós vamos fazer. Mas quero fazer um registro, porque pouco tempo tenho, de que nós, neste momento, por estes fatores todos que ocorreram, inclusive da Lei aprovada pela Câmara, pela aprovação, pela sanção, vivemos um momento de importância muito grande da consciência da negritude, movimento que começou aqui em Porto Alegre. Antigamente todos nós prestávamos homenagens ao 13 de maio, e este não passou de uma negociação econômica: a troca do braço do trabalhador escravo pelo braço do trabalhador remunerado. E nos largaram nas estradas do País sem nada, sem indenização, sem recursos, sem uma enxada - que era o instrumento da nossa atividade, do nosso trabalho. E nós fomos sofrendo durante esse longo tempo discriminação, preconceito, apartheid, de tal maneira que muitos de nós fomos chafurdando na alienação, e vamos passando sem consciência dos fundamentais direitos da raça humana, e não do negro.

Vivemos, Cláudio, um momento extraordinário do Movimento Negro Brasileiro, que começou com o nosso Abdias do Nascimento. Extraordinário Abdias do Nascimento; uma quantidade de produção literária focalizando, na profundidade, a situação do negro brasileiro. E mais: é bom que se diga que, se não resolverem o problema da igualdade material do negro, acabando com a discriminação, nós nunca vamos ter o desenvolvimento econômico deste País. Começa aí, tem de se fazer aí, tem de se atingir aí a igualdade material, para eliminar quaisquer resquícios de preconceito e discriminação. Mas não foi para isso que me deram tempo, foi para o saudosismo, foi para a memória jogada, como fizeram os companheiros que passaram. Dá para esquecer do Dilamar Machado? Do Ivan Castro? Não dá, Cláudio, pois eram figuras extraordinárias. O Júlio Soares; o Cincinato, esses grupos todos que deram uma contribuição belíssima para o carnaval de Porto Alegre.

Eu queria dizer a vocês que eu estou inteiramente de acordo com as formulações que foram feitas aqui com relação ao Cláudio. Eu era Vereador e me lembro de que um Vereador chegou, queria prestar uma homenagem a um líder metalúrgico, e disse: “Esse negro de alma branca!”. Então, eu disse: “Mas onde é que tu enxergaste a alma do homem, tchê? Onde é que tem alma branca e alma preta?” Respondeu-me: “Ah! me desculpe, Collares, eu já trazia isso dos meus antepassados; é a cultura, o processo cultural!” Eu poderia dizer isso - não posso repetir -, mas ele não é um branco de alma preta e nem há preto de alma branca. Ele é um branco que tem consciência da negritude e do seu valor em nosso País. Ele é um branco que convive com a nossa história, com a nossa cultura, com o nosso passado, com o nosso sofrimento extraordinário, que nós carregamos nas costas nos 350 anos de escravidão. Só pode falar sobre escravidão o negro. Só ele pode saber como fere a discriminação quando dizem: “Olha esse negro! Esse negro!”. Mas nós vamos vencer isso, vamos vencer tudo isso, Cláudio, com homens como tu, que se dedicam quer como profissional do mundo da comunicação, quer como profissional do mundo do Direito, intérprete, jurista – no sentido de interpretação do Direito, não daqueles que emprestam dinheiro a juro.

Quero dizer que eu estou feliz por esta manhã. Acho que o Reginaldo Pujol tinha razão, não tinha de ser pela manhã esta Sessão. Teria de ser pela meia-noite, a Câmara reunida numa Sessão Especial. Quanta criolada não iria ter aqui dento! Era só dizer que iria ter ritmo, percussão, samba, e nós estaríamos aqui.

Mais não devo-me demorar, só quero dizer ao Cláudio que eu tive convivência com a sua mãe e com o seu pai, poeta que era. Eu era metido, como continuo sendo metido, continuo a mesma coisa. O que me atrapalha é a faixa etária, mas não muito, pois a minha memória está boa. Que bom que tu estás sendo, aqui, considerado Cidadão de Porto Alegre. Isso para nós é muito importante. E que bom que os Vereadores lembraram-se disso! Que bom que nós possamos transformar, quem sabe, as Câmaras de Vereadores na primeira escola pública por onde todos os homens públicos deveriam passar, para buscar o aperfeiçoamento permanente capaz de fazer, do mandato popular, o instrumento realizador das grandes revoluções no campo político, econômico, social, cultural, científico e tecnológico. Que bom! Que bom que nós estamos tendo consciência dos momentos que estamos vivendo. Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É chegado o momento da outorga do Título, e eu convido o Ver. Wilton Araújo, a Dona Clara e o Dr. Mathias Flach, essas três figuras farão a entrega do Título de Cidadão Emérito - Emérito é a insígnia, é o título mais alto que um homem pode receber.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Sr. Cláudio Brito está recebendo uma homenagem, uma síntese do nosso carnaval. Aí está a porta-estandarte Cherlene de Azevedo, a porta-bandeira Paula Verônica Zylberstejn e o mestre-sala Eduardo Fernandes da Silva. Vocês são bem-vindos, e o nosso homenageado sente-se, já notamos, muito feliz. Por favor, continuem.

 

(Apresentação da União de Destaques do Carnaval de Porto Alegre.)

 

Eu penso que as reclamações do Ver. Reginaldo Pujol e do Dep. Alceu de Deus Collares foram ouvidas, e, em um passe de mágica, a alegria da madrugada veio até ao meio-dia.

Neste momento nós chegamos ao ponto máximo desta solenidade, concedemos a palavra ao homenageado Cláudio Brito.

 

O SR. CLÁUDIO BRITO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Caríssimo parceiro e companheiro da velha redação da Rádio Gaúcha, Erci Pereira Torma, Presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa; Sr. Ivori Coelho Neto, Presidente da Associação do Ministério Público, uma das entidades que ocupa o meu coração; Sr. Afonso Antunes da Motta, que preside a outra metade do meu coração, na medida em que é o primeiro mandatário da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão; caro amigo e paradigma Armindo Antônio Ranzolin, a minha carinhosa saudação; Dr. Victor Lima, excelentíssimo magistrado, representante da Associação dos Juizes do Rio Grande do Sul, quero-lhe dizer - e transmita ao Dr. Aquino - que a presença da AJURIS neste evento, especialmente me encanta; quando as minhas casas aqui estivessem: a Comunicação e o Ministério Público, seria compreensível, que a AJURIS trouxesse toda a sua inquebrantável honradez a este Plenário, nesta manhã, comove-me. Dr. Ari dos Santos, Presidente do SINDIRÁDIO, integrante do Departamento Jurídico da RBS, filho do Ari dos Santos, responsável por tudo o que se disse aqui que possa ter marcado a minha biografia.

Pelas mãos de meu saudoso pai cheguei ao morro de Santa Tereza - recém chegava lá a rádio Gaúcha, deixando o edifício União -, para que então meu pai apresentasse ao seu amigo Ari dos Santos um jovem que pretendia ser radialista e jornalista. E o resto da história parece que contaram aqui esta manhã.

Dr. Eduardo Viana Pinto, que aqui representa o Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre, que é integrado, entre outros, pelo meu querido irmão Luiz Mathias Flach. A honraria chega, comove, justifica a gratidão, mas, como um facho a iluminar a advertência, me põe diante dos meios para que eu saiba usar o Título, a possibilidade de, integrando tão nobre Conselho, tão Colendo Colegiado, vir a usar a voz em nome da comunidade que aporta esse Conselho. Não temos o voto nesta Casa, mas nesses dias tenho aprendido e descoberto como os Vereadores da nossa Cidade prestigiam esse grupo. Será uma honra estar com o senhor e com outros companheiros, doravante.

Ver. Wilton Araújo, proponente da distinção, quero recordar o que aqui o Ver. Elói Guimarães há pouco também trouxe, das madrugadas, lembro-me do salão da sociedade “Nós, os Democratas”, na praça Garibaldi, entre outros tantos lugares, em que dando os meus passos nas questões do carnaval e da cultura popular, não raras, ao contrário, múltiplas vezes tive seu pai como parceiro. A minha saudade. A minha lembrança de Ver. Wilton Araújo e a felicidade que eu tenho por vir de V. Exa. a indicação, é a de que trilhamos nós, hoje, os mesmos caminhos que nossos pais caminharam. Estamos sendo fiéis ao legado.

Eu agradeço imensamente por me incluir nessa seleção de figuras importantes na nossa comunidade que integram o Conselho de Cidadãos Honorários; agradeço aos oradores que hoje falaram em nome das diversas Bancadas, Vereadores Elói Guimarães, Reginaldo Pujol, Margarete Moraes, e ao Deputado Alceu de Deus Collares.

Eu ouvi atentamente, e cada palavra que tinha a carga do carinho, e, como alguns disseram, com bondade, do reconhecimento, eu ia anotando, para que soassem eternamente em minha alma, como um compromisso, a inapagável brasa das fogueiras e as labaredas da paixão, a brasa que se mantém, vez que outra, sob a cinza do amor perene quando pessoas como as que aqui estão nela sopram com carinho, com afeto, fazendo romper a labareda que lambe o topo das árvores na busca do céu.

É disto que eu vivo: de paixão; amor e paixão fazem a minha razão. Da vida fiz causa, e agora V. Exas., a unanimidade, determinam que eu transforme em missão. E é o que eu vou cumprir, se Deus quiser, com a garra de uma Maria Bravo, com o encanto inquebrantável de uma figura como Lelé, o Rei Momo negro da nossa terra (Palmas.); como o remelexo dos velhos tempos, Vanderlei Mello, companheiro de televisão e de Imperadores do Samba; como o grande Saturno, mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte da UDESCA, que aqui estiveram; Vera Deise, um beijo para ti. O Roxo está conosco, sim; Dona Maria de Lourdes, ouvinte-símbolo da Rádio Gaúcha, que acompanha com fidelidade todo o trabalho que a equipe de carnaval realiza há tanto tempo, e que esteve conosco, como das primeiras inscritas no carnaval dos 70 Anos, em 1997, quando aquele homem que lá está, Armindo Antônio Ranzolin, comprou o meu desvario, o meu devaneio, acreditou na idéia e fomos em frente, com a parceria do Evaristo Mutti, dos dirigentes das escolas de samba, e realizamos um episódio, um evento que a história da Cidade para sempre vai contar e lembrar.

O Jorge Sodré, que congrega todas as entidades carnavalescas, na medida em que preside hoje a sua Associação; Rosalina e Onira, a Rosalina não se importa, nem a Charlene vai ter qualquer receio, e muito menos a Paula, de eu dizer que a Onira é a maior porta-estandarte desta terra. (Palmas.) A quem justamente entregamos o estandarte da Rádio Gaúcha. Rosalina, falta um carnaval para levares, em definitivo, o troféu que a rádio Gaúcha criou para homenagear o Miudinho. Os Bambas da Orgia vieram com sede ao pote. Ninguém conseguiu tocar naquele troféu até agora, ele é de posse transitória, e um dia será de posse definitiva de quem faça jus, conforme o seu regulamento, a conquistá-lo. Mas os Bambas da Orgia - alô, meu Imperador – vão disparando na frente, grande Saturno.

Verde e Rosa da Praiana, meus irmãos, meus queridos companheiros. Alô União da Vila do IAPI; Nilo Feijó, grande poeta, parceiro, tens aqui nesta Casa Humberto Goulart, que ali está; Dr. Jorge Krieger de Melo, uma saudação a V. Exa.

Falaram aqui das madrugadas de samba, e eu acrescentaria, Pujol, as madrugadas do Barriquinho e do Barroquinho, da Independência e da Cristóvão e a canja do Treviso. Pois o Dr. Krieger e eu podemos contar juntos outras madrugadas: do torneio dos argumentos, no Plenário do Júri. V. Exa. honrou aquela tribuna da defesa cada vez que estivemos diante do mesmo processo, a terçar armas, mas com um só desiderato: o da realização da justiça.

Muito aprendi com Vossa Excelência toda vez que estivemos juntos. Já o admirava de freqüentar os plenários. E como fui feliz na vez primeira em que o tive ocupando a nobre tribuna da defesa! Num dia como o de hoje, de eleição na Ordem dos Advogados do Brasil; sua presença aqui, antes de ir cumprir o sagrado direito do voto, me deixa redobradamente grato.

A Ângela Rotuno e o Cláudio Barros Silva, meus companheiros de Ministério Público, os quais saúdo assim, desta forma, sem a pompa e sem a circunstância - já cumpri a formalidade com a Mesa -, para que sejam porta-vozes, junto à instituição, de como sempre estará presente, porque fez parte de minha construção pessoal, a nossa brava e aguerrida Instituição do Ministério Público do Rio Grande do Sul, o melhor Ministério Público do Brasil. (Palmas.) E vejam que todos são bons.

Ver. Nereu D'Avila, Jacão, obviamente que eu vou cometer a imprecisão de algumas citações. Já avistei há pouco o Valtair Santos, meu querido Valtair, meu companheiro de estréia do Sala de Redação; Irajá Guterrez, da Banda Itinerante do meu Imperador, da nossa vida em nome dessa cultura, o nosso samba há pouco ouvido fala de resistência, e essa talvez fosse a frase mais presente nas manifestações do saudoso Betinho: a questão da resistência. (Palmas.)

Ajudem-me, por favor. Mais uma vez, Irajá, eu te peço socorro. Ajudem-me, por favor, a saber honrar a distinção que hoje me outorgam.

Eu apenas quero dizer o seguinte: eu vejo os 33 Vereadores de Porto Alegre, incluídas aí as nobres Vereadoras, como cupidos. São todos como se fossem anjinhos barrocos a personificar cupidos - é isso que são. É isso que fazem comigo nesta manhã. Eu sempre amei Porto Alegre, por todos os bairros onde os meus descaminhos pessoais me levaram. Aqui quebrei tantas vezes a cara e aqui mesmo juntei os cacos. Aqui, em Porto Alegre, eu sempre soube, olhos vendados, onde estão os buracos e os desvios nos morros e na planura dos bairros mais elegantes.

Essa relação de amor me foi passada por pai, mãe, tios, afetos. Sílvio Aquino, que representa para mim, de maneira insuperável; grande Adair Antunes, o nosso Areal da Baronesa; Luiz Fernando, filho do saudoso Sílvio Soares de Lima - para quem não sabe, a pessoa que me levou para os Imperadores do Samba. Vejam como isso significa.

Dizia que estou a receber uma comenda assinada por 33 cupidos. Essa relação com Porto Alegre, que hoje, por exemplo, Ver. Pedro Américo Leal, me coloca na condição de visitante diário, morando no Vale dos Sinos, eu vou relutando em retornar a casa, para ter um prazer insuperável de, todos os dias, encontrar Porto Alegre, amá-la, estar sempre chegando, o que é muito bom. E poder, ao partir, saber que 24 horas depois estarei de volta.

Vossas Excelências são cupidos, sim, e me entregam a certidão de minha bigamia. Eu, Loiva, que sou casado contigo e te amo, a partir de hoje, casei com Porto Alegre também. (Palmas.)

Faço uma referência derradeira à cidade de Taquari. Conseguimos reproduzir aqui a velha rivalidade: aqui estão batutas e irmãos da OPA. Ao ex-Prefeito de Taquari, Renato Batista dos Santos, que lá se encontra, com o seu sobrinho Édson com a sua esposa Nair, e aos representantes dos irmãos da OPA, a todos eles o meu encantamento.

Encaminhando às derradeiras palavras aquilo que tenho certeza, todos sempre souberam, mas esta é uma feliz oportunidade para os anais registrarem do meu reconhecimento, da minha gratidão à comunicação, à atividade jornalística, especialmente à minha Rádio Gaúcha. Nada teria acontecido senão fosse esse viés, é da comunicação que vem a visibilidade que proporciona, que eu tenha sabido, no entanto, que se tratava de uma missão. A velha Rádio Gaúcha, célula-mãe de todo o império que se construiu e aqui - no sentido verdadeiro da palavra -, resultado da conquista, do trabalho e do suor de seu fundador Maurício Sirostky Sobrinho, de seu filhos, hoje o Presidente Nelson Sirostky, mas, acima de tudo, de seus milhares de funcionários, meus queridos colegas que ali estão-me distinguido, especialmente à brava equipe comercial da Rádio Gaúcha. (Palmas.) Ao Donádio e a Sandra que comandam esse timaço de servidores, que proporcionam aos que fazem o trabalho diante do microfone os recursos que possibilitam a mantença da atividade. Meu muito obrigado por interromperem uma importantíssima manhã de trabalho para estarem aqui dividindo este momento comigo. Ao Marco Antonio Baggio, Gerente de Jornalismo da Gaúcha, muito obrigado pela presença, mas fundamentalmente pelo dia-a-dia que tem mais de 30 anos. Vejo lá ao lado do Donádio e do Marco Baggio, outro Marco, o Marco Aurélio Nunes que, de certa forma, representou como que uma ponte de ligação entre algumas de minhas atividades.

Um dia o Sr. Francisco Luzardo, Procurador-Geral de Justiça - nomeado por V. Exa. Dr. Collares -, resolveu que o Ministério Público deveria abrir-se à sociedade e que deveria ser realizado, o que já fazíamos na nossa associação, Dr. Cláudio, deveríamos ter uma assessoria de comunicação social. O Ministério Público precisava perder os receios e mostrar-se ao público, e eu fui convocado para exercer, dentro do Ministério Público, a atividade jornalística, mas Dr. Erci Torma - que aqui representa, porque a preside, a nossa Associação Rio-Grandense de Imprensa -, eu disse ao Procurador-Geral: “A coincidência de eu ser um jornalista não nos resolverá o problema. A Assessoria haverá de ser profissionalizada e que se criem os cargos de jornalistas no âmbito do Ministério Público, para que eles venham usufruir a carreira trazendo o seu serviço, a sua colaboração”. E todos os atos foram assim realizados, e, progressivamente, todos os procuradores que se seguiram, entre eles o Dr. Cláudio, sempre tiveram essa cultura de que o Ministério Público precisava estar, como hoje está, nos braços da sociedade.

Pois bem, quero-lhes dizer, por fim, que tenho um apelo, sim, aos Srs. Vereadores. Ver.ª Margarete, fazendo jus a sua alusão às minhas posições de severidade, uma apelo, tenho certeza de que é em nome da comunidade carnavalesca: nós precisamos, Dr. Geraldo Corrêa - o meu abraço, muito obrigado pela sua presença – ter cautela com a mudança para o Porto Seco. (Palmas.) Se o Porto Seco é o destino, e o é, e se Porto Alegre tem de ter o equipamento que está sendo construído e que só não foi construído antes, porque, Ver.ª Margarete Moraes, a intransigência e o preconceito impediram. Porque reiteradas vezes, no Orçamento deste Município, a verba, inclusive, para deflagrar-se a obra sempre esteve presente e, no entanto, bateram às portas do Judiciário, algumas vezes, e obtiveram malgrado, o que eu possa pensar, eco e liminares e decisões que reservaram ao carnaval o seu gueto lá no Porto Seco. O seu gueto, eu repito! Pois nós iremos para lá e de lá construiremos uma história, sem dúvida, mas não pode ser em 2004, será uma temeridade. Ainda que digam, e eu sei que dirão, e ainda que demonstrem, e eu sei que demonstrarão, que o cronograma da obra será fielmente cumprido, que tudo está sendo feito 24 horas por dia, lá está toda estrutura, a obra não pára, chova ou faça sol! Isto é correto sob a ótica da engenharia, da infra-estrutura, mas não sob a ótica de quem monta um desfile, de quem arma uma ala de baianas e leva uma comissão de frente. (Palmas.) Eu posso adivinhar até as razões políticas, legítimas, honestas, sinceras de uma Administração que faz por Porto Alegre tudo o que tem feito, e que assumiu na Av. Augusto de Carvalho um compromisso público de que o carnaval passado tivera sido o último naquele local. E agora, quem sabe, às vésperas de um pleito, tudo isso é correto, é claro e é honesto, esteja com receio de enfrentar algum comentário de um Cláudio Brito qualquer a cobrar a mudança não-acontecida; pois é ao contrário, o que a cidade de Porto Alegre tem de fazer é ir para o Porto Seco quando ele estiver pronto, por inteiro, ou nunca ele será completado! (Palmas.) Suba o morro da Vila São José e pergunte a um componente dos Comanches; vá a Maria da Conceição e indague, não dos presidentes, dos dirigentes que com a maior das boas-vontades, em nome de ter o equipamento, estão dispostos a se entregarem ao holocausto. Mas indaguem dos componentes das Escolas de Sambas, dos ritmistas, dos passistas, dos destaques. (Palmas), como é irmos para o desconhecido e logo chegar e desfilar. O desfile tem compromisso técnico. André Machado eu enxergo lá - meu irmão, vencestes a prova e conseguistes chegar. O que eu quero dizer é o seguinte, há 90% de chances de haver problemas, vai haver carro que não vai chegar, vai haver escola que vai chegar por metade, e aí, Porto Alegre vai enfrentar, de novo, comentários desairosos a respeito do carnaval e aí de uma maneira irrecuperável. Vamos partir para a idéia que é vitoriosa do carnaval metropolitano, do carnaval que nos leva às fraldas da cidade de Alvorada, e vamos lá, conviver com Viamão, com Gravataí, com São Leopoldo, com Novo Hamburgo, com Canoas, com as cidades que aportam a este carnaval que vai crescendo na medida em que transcendem os limites de Porto Alegre, mas com cautela, com a possibilidade de um desfile tecnicamente correto, no horário, para que não se tenha o prejuízo irreparável da perda da credibilidade ante o público.

E alguém haverá ainda de me responder: e o público irá para um acampamento? Não.

Vamos para lá inaugurar um dia, com pompa e circunstância e com o maior dos carnavais, o sambódromo definitivo de Porto Alegre?

Agora, é atividade de muito risco, ouso dizer, na minha primeira ação como Cidadão Emérito de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está convidando todos os carnavalescos para hoje, às 15h30min, visitarem com ela as obras do Complexo Cultural do Porto Seco.

Nos encaminhamos para o final desta justa e merecida homenagem.

Podemos ver que o nosso homenageado usa as palavras com maestria, mas, ao longo de uma vida toda ela voltada para a nossa Capital, ele sempre usou as palavras para boas causas. Esperamos que, por muito e muito tempo, continue fazendo o trabalho que vem fazendo até hoje, e que seja muito feliz.

Ao encerrar, convido todos para ouvirmos o Hino Rio-Grandense, ao mesmo tempo em que agradeço a presença de todos e de cada um dos amigos de Cláudio Brito, que aqui estiveram para homenageá-lo. Saúde e paz!

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

(Encerra-se a Sessão às 12h02min.)

 

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